11 julho 2007

Escritos e pesquisas

O aumento da produção científica do país, confirmado pela 15ª posição no ranking mundial, ainda não se reflete no número de patentes brasileiras registradas.

Para alguns especialistas, isso ocorre porque ainda falta às instituições de pesquisa uma cultura de aproximação com a indústria. Para outros, no entanto, o que falta é uma política de desenvolvimento tecnológico dentro das empresas.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) nos últimos anos, entre 1990 e 2004, o número de patentes registradas no país aumentou, passando de 12.744 para 17.703.

O problema é que o número de patentes registradas por residentes no país, nestes anos aumentou bem menos: passou de 6.619 para 7.412;ou seja 793 patentes cerca de 60 por ano.

E esse número se mantém estável. E a grande maioria dos registros de residentes 75%, é feito por pessoa física, não jurídica, o que mostra que o setor industrial não está usando o sistema afirmou a coordenadora de cooperação nacional do INPI.

O conhecimento produzido nas universidades e centros de pesquisa não se reflete em desenvolvimento tecnológico.

Se consideramos as estatísticas nacionais de publicação de de artigos científicos poderíamos aumentar bastante o número de patentes afirmou-se em palestra sobre o tema na 59a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Belém.

Para o diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) o que falta é uma política de desenvolvimento tecnológico. Essas políticas não são suficientes para o desenvolvimento de criação de tecnologia na indústria brasileira. E a razão para isso é que é pequeno o número de cientistas pesquisando nas indústrias.

No Brasil se pensa que a indústria deve buscar tecnologia na universidade. O grande desafio é aumentar o número de cientistas nas indústrias.

Nota da Lista:

Recentemente o Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde fez estudo sobre a produção científica nacional no período 1994 e 2003. Encontrou 248 artigos técnico-científicos que foram citados mais de 100 vezes por outros artigos indexados na base Thomson-ISI (Institute for Scientific Information).

Partindo do pressuposto que a repercussão de um "artigo" e, consequentemente, sua qualidade é medida pelo número de menções que ele recebe de outros artigos, foram indicadas, pelo Centro, as áreas em que o Brasil supostamente "brilha" na produção científica nacional:

Saúde: cirurgia vascular, moléstias vasculares, metabolismo de doenças, doenças infecciosas, contraceptivos orais e seus efeitos colaterais

Neurociências: farmacologia experimental, memória, conexões sensomotorasBiodiversidade: floresta amazônica

Química: metabolismo oxidativo das células, catálise química, líquidos iônicosGenética: sequenciamento genético, distrofia muscular humana

Física: física de partículas, física quântica, física experimental.

Há uma incoêrencia entre a publicação científica e o registro de patente, que parece indicar uma das opções:

1) os artigos não são de pesquisas originais que permitam um depósito para requerer patente;
2) os artigos não refletem possíveis inovações potencialmente patenteáveis;
3) os artigos são excelentes fontes de patentes, mas são depositados no exterior e não no Brasil;
4) os artigos não visam qualquer inovação, desenvolvimento ou patentes. Visam uma visibilidade do autor em sua carreira profissional e área de conhecimento.

Há que se averiguar esta condição em que se tem estatísticas de um boa produção científica nacional e comprovações de um depósito de patentes interno "estável" com cerca de 60 patentes/ano no orgão próprio.
(AAB)

Fontes
a) O Desafio Tecnologico, Roberto Jansen, Jornal O Globo, de 11/07/07, Caderno Ciência.
b) Estudo Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde -texto "Em que somos bons" da Revista de Pesquisa da Fapesp, nº 132, fevereiro de 2007.

Via: Lista IASI

Marcadores: , , , , ,